o assunto é sério e eu gosto da discussão. E dentre as muitas coisas sobre o impacto da pirataria na "carreira" dos filmes brasileiros independentes, acho q esse comentário meio despropositados é um dos mais interessantes a se discutir
Já q ninguém colocou os dados, faço isso pra apimentar as discussões (fonte Filme B):
População: 207,75 milhões
N⁰ de municipios: 5570
N⁰ de salas de cinema: 3366
N⁰ de municípios com sala de cinema: 450 (8,08%)
Vou comentar aqui respeitosamente uns pitacos rápidos pq acho essa discussão muito, muito, muito importante. E acho essa questão da "adequação da linguagem" uma das razões principais pelo fim da crítica de verdade no Brasil hj
muito do conhecimento que tenho hoje de cinema foi lendo textos críticos e teóricos em que eu não fazia ideia do que significavam várias palavras escritas - aí eu ia atrás de entender.
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acho simplista os dois argumentos: 1. a pirataria ajuda na difusão de filmes pequenos q nunca chegariam em certos lugares; 2. a pirataria é predatória ao filme independente. Pq ambas são achismo. Até q alguem estude isso, elas são teoria do Instituto Meu Rabo de Estatísticas
O problema é outro: não tem emprego. A maioria dxs críticxs de cinema não tem como fazer disso uma profissão. Pior: os poucos emprego são ocupados por pessoas q, em geral, fazem um trabalho fraco.
O maior desafio MESMO nessa area da critica de cinema amigos é ser constante
acho que 80% das pessoas que conheci no começo ja abandonaram ou diminuiram o ritmo consideravelmente porque se desiludiram rapido haah
PARECERISTA FALANDO: Os editais brasileiros estão tentando tornar objetivo aquilo que é subjetivo em essência. Resultado: diminuição dos critérios artísticos para a composição das notas de um projeto.
o brasil tem uma rede de exibição deficitária e desigual. qual o papel da pirataria na difusão dos filmes brasileiros em regiões sem cinema comercial? esse estudo já foi feito?
tb é um pouco falacioso o argumento da "remuneração dos artistas". Duas aulas sobre mercado de cinema e vc já aprende q PRODUTOR GANHA NA PRODUÇÃO, DISTRIBUIDOR NA DISTRIBUIÇÃO e EXIBIDOR NA EXIBIÇÃO. Seja o Martin Scorsese, seja o Zé Migué, seja o Artista de Andrade
ontem numa conversa falei q se vc pega a bilheteria do Arábia, do Affonso Uchoa (6mil, pode ser um pouco + um pouco -), vc considera um grande fracasso. Mas a repercussão pública e cultural do filme, não tem medida. E ela não aconteceu no "mercado"
O Brasil, em matéria de cinema, não tem "mercado"; tem um latifúndio ocupado por cadeias e distribuidores estrangeiros inundando as salas com produtos estrangeiros, sejam blockbusters hollywoodianos, filmes de grandes autores e o lixo do "cinema de arte" (Reserva Cultural oi)
Last note: a pandemia desarticulou a cadeia produtiva de cinema no mundo todo. EUA tem dinheiro pra tentar recolocar as coisas mais ou menos no lugar. Aqui, o cinema precarizado tem mais dificuldade. E ainda não entendemos "o novo normal" pq os streamings tomaram de assalto
"Indústria" não é só um modelo de produção. Seu sentido é a continuidade, a roda girando automaticamente. A única continuidade do cinema no Brasil é a irrelevância. Mas calma: a irrelevância pode ser libertadora. Infelizmente, vira recalque na maioria das pessoas de cinema aqui
taí pra mim a principal questão: muita gente usa "mercado", "indústria", "negócio de cinema" como se as coisas aqui fossem equivalentes ao q rola nos EUA, na França, no Japão. Não são, só avisando.
1. Fazer crítica de cinema e não falar "mise en scene" é como falar de música e não falar "arranjo", pintura e não falar de "composição" ou de poesia e não falar "métrica". Não à toa é um dos 3 principais temas da história da crítica (talvez realismo e fotogenia sejam os outros)
Por outro lado, deve ser bem frustrante ver o filme na internet antes do lançamento em sala comercial pra quem espera q sua obra faça uma carreira tradicional no "mercado"
Tem formas de discutir mise en scene dependendo do local e ser mais pedagógico, mas achar q o termo é intelectualismo é não saber lidar com um dos fundamentos da arte q vc supostamente faz crítica
Brasil: 1 sala para cada 63374 hab
Comparativo (eu fiz o cálculo com dados da internet):
EUA: 1 para cada 8500
França: 1 para cada 11166
Argentina: 1 para cada 46413
2. Adequar o texto é uma coisa. Rebaixar é outra. Os melhores textos críticos são os que te desafiam. Essa questão de comunicação, com todo respeito, é coisa do jornalismo, que pode ou não ser crítica.
Dados de 2022:
Público total: 97,9 milhões
Ingresso per capita: 0,5
Público top 10 de bilheteria: 58,6 milhões (59,9%)
Público de filmes estrangeiros: 93,4 milhões (95,5%), 236 filmes
Público de filmes nacionais: 4,4 milhões (4,5%), 180 filmes
Preço médio do ingresso: R$ 18,88
E não percebemos até hj q a disputa com influencers é uma luta quixotesca. Que o papel da verdadeira crítica hj não é tentar falar como influencer mas fazer exatamente o q eles não fazem: aprofundar. Te puxar pra cima. Te desafiar. E desafiar o mercado e a publicidade
E reafirmo uma questão do tempo da Contracampo e já escrevi um texto resvalando nisso: os poucos empregos que existem na área são ocupados por pessoas que fazem um mau trabalho, por diversas razões, e, em sua maioria, em descompasso com a realidade do cinema brasileiro.
3. Eu sempre digo: o trabalho de crítica não é ter opinião, não é estar certo, não é saber algo especial. O trabalho de crítica é escrever. É literatura. É articular um texto. A principal ferramenta dx criticx é a criatividade.
Por mim, eu viveria de escrever sobre cinema ou produzir conteúdo sobre. Mas tendo q achar uma renda com algo paralelo (tava até ontem com um trabalho de editor de som, agora desempregado), a atenção fica dividida. Não por vontade.
Escrevo e produzo conteúdo crítico sem parar há uns 15 anos. Fui redator da Cinética por 10 anos, editor por 5. Se ganhei R$5mil diretamente com crítica em todo esse tempo, foi muito.
Adequar o texto é usar ferramentas literárias de acordo com a circunstância. Tornar o texto mais fácil não é adequar, é só um jeito carinhoso de soberba: "eu sei mais q vc, mas como vc é preguiçoso ou ignorante, vou descer do pódio e sujar as mãos".
Sem emprego e meios materiais de viver da coisa, a pessoa acaba com problemas de formação. O ambiente de revista e troca de ideias numa redação é ótimo pra isso. Mas... NÃO HÁ EMPREGOS
4. Pra mim essa foi a armadilha dos resenhistas. Pq os influencers dominaram o discurso comercial do cinema? Pq falam uma linguagem acessível num meio direto, fazendo o trabalho de resenhismo vazio q a "crítica" de jornal praticava e defendia sem remorso nos anos 90 e 2000
CINEMA BRASILEIRO NO SÉCULO XXI
Começando uma nova série de vídeos, convido o crítico e pesquisador Ruy Gardnier (
@perhappiness
) para uma Live dia 03/02 às 19h.
Siga o link e ative o sininho pra não perder:
#cinemabrasileiro
#cinemacontemporaneo
E projetos gastando páginas e páginas comprovando uma experiência fictícia que quase ninguém tem (de regularidade produtiva) enquanto a visão artistica do filme ocupa um mero parágrafo.
Eu tento não fazer isso. Posso falhar bastante. Mas considero que quem vai ler meu texto tem curiosidade e inteligência pra usar uma ferramenta chamada Google pra procurar as palavras ou conceitos q ele não conhece.
O tuite da
@fabianalr_
é ótimo pra apontar o problema da continuidade. Mas ele deixa no ar esse problema, como se fosse só questão de vontade (não q ela tenha dito isso, mas a gente tem q colocar esse pingo no i)
@o_jonats
Na vdd, o problema são as salas. A maioria é ruim e os caras calibrar pensando no filme barulhento de super herói. Como o filme é barulhento e legendado vc nem percebe. Quando passa o filme em português mais silencioso vc acha q tá ruim
Pensei em varias analogias pra ilustrar quem diz q DONT LOOK UP é caricatural pra detonar o filme e só conseguir pensar em uma q nem é uma analogia: é tipo dizer pra um caricaturista q o desenho dele é muito caricato. Sim é.
A história de Hollywood ensina q se tem algo q o processo produtivo da indústria cinematográfica não é, é objetivo. A indústria faz filme pq X é parente de y, pq produtor agradar os amigos, pq pega bem na comunidade, pq o cheirinho é de sucesso
Como por exemplo "frontalidade", uma palavra desgastada, concordo. Q as vezes não quer dizer nada. Mas sinceramente, escolha de exemplo infeliz. Fronte não é uma palavra tão difícil assim.
Enfim, tem um lado de frustração aqui no desabafo. São anos refletindo sobre arte pra ter q aprovar uma ideia de filme pela verba pra seguro de equipe bem dimensionada de acordo com o "mercado"
Uma decisão simples e eficaz: Jacob Elordi tem 10cm de altura a mais q Elvis e Cailee Spaeny, 10cm a menos q Priscilla. A discrepância de altura chama atenção. No início do filme deixa Priscilla mais infantil e a pedofilia mais chocante. No fim, Elvis fica mais ameaçador.
Não tem essa de planilha com nota pra currículo, orçamento coeso que mostre capacidade administrativa do produtor, e critério X q vale 2y + b/3,47. Fórmula em Hollywood, só na reprodução do sucesso.
Sobre o Oscar: Aprendi muito nesse processo de fazer campanha. Uma das coisas que aprendi é que é sobre cinema sim, mas não só, na verdade, muito menos. É sobre planejamento, prazo, suporte, dinheiro. Não basta ter um bom filme.
Encarnado parecia algo mais mais coerente enquanto encaixe do repertório. Aqui, o repertório guarda o caráter "coletivo" e fragmentado que vai sendo costurado pelas modulações da juçara. de novo, ela não canta apenas, ela revela universos.
Livro interessante. Um ensaio sobre Netflix e regime de atenção. Tem simplificações mas dados muito interessantes (p. ex. O CEO da Netflix dizer "Nosso inimigo é o sono") e a cronologia da plataforma.
Sobre CRASH, fui buscar meu filho de 3 anos na casa da mãe dele e tava tocando no carro. Ele entrou, ouviu 10 segundos e perguntou: "É michael jackson?"
Festival do Rio. Em frente o shopping gavea, uns amigos e eu vimos o Eduardo Coutinho tropeçar no degrau da entrada. Corremos para levantá-lo e ele, envergonhado, sai reclamando. Nos olhamos e rimos da situação. Uma senhora passa logo atrás e diz "isso, ri do velhinho q caiu..."
Taí meu aovivaço do Delta Estácio Blues.
Espero que alguém leia e queira papear.
valeu
@jucaramarcal
e
@kikodinucci
(e todos os compositores) por essa. arrasaram.
It's surreal Megalopolis is actually happening after all these years. This madman really sold wine to everyone's aunt for decades so he could finance his own $100M white whale art film before he dies. What a beautiful final act of artistic lunacy by Coppola.
Setlist:
1. Marcelo Cabral, “Santo Sebastião”
2. Pabllo Vittar e MC Carol, “Descontrolada”
3. ÀIYÉ, “Diablo XV”
4. DJ RaMeMes (O DESTRUIDOR DO FUNK), “Trazendo a Seda no piq do tambor”
5. Bike, “Além-Ambiente”
6. Frederico Heliodoro, “Savassi 11”
(cont. 1/2)
Nesse primeiro episódio, tem: João Gilberto, Romulo Fróes e Tiago Rosas, Sara Não Tem Nome e Tantão, MC Rick, MC Bin Laden, Hamilton de Holanda, Tunico, Martinho da Vila, Os Tincoãs, Iara Rennó e Sara Boregas:
Eu tô fazendo um programa mensal de rádio com novidades da música brasileira. Hoje saiu o episódio 2, com a segunda parte do que de melhor rolou no primeiro semestre de 2023. Tem experimentação, bossa nova, pancadão, samba revisitado. Ouve lá no Spotify.
Como outros trabalhos Alex Garland, fascina e intriga, assim como é capenga. Talvez porque ele saiba criar situações e imagens fortes, mas não sem muito o que dizer (não seria essa a crise da imprensa hoje, q ele retrata?)
Curti a primeira temporada de Fallout.
Apesar de ter várias coisas q em geral eu odeio, a série não é só uma brincadeira cínica com o retrô e a herança hollywoodiana (como La La Land, por exemplo). (Cont.)
Tem um laço do auge do americanismo com a formação civilizatória do faroeste se encontrando na distopia tecnofeudal. O auge do capitalismo americano e a defesa de sua civilização são terra sem lei . A diferença está na roupagem. A série joga com isso, com essas roupagens.
4. Ladra - Nesse momento tô amando não conseguir me ancorar em nada. Mesmo percebendo uma certa "prosódia Tulipa", a sonoridade espacializada e cortante, mais a voz da juçara tiram a composição do porto seguro
a maioria das vezes que artistas brazucas cantam em francês fica meio blasé. um cosmopolitismo de pobre. a juçara faz algo meio encarnado (dsclp). ganha corpo, gravidade e, ao mesmo tempo, uma energia diferente. to achando uma das melhores do disco
Notícias engraçadíssimas: hoje, 09/12, às 21h, foi a melhor sessão de "Pedágio" no Estação NET Rio desde o seu lançamento. Temos a chance de amanhã, no mesmo horário, fazermos algo ainda mais engraçado. O ingresso no domingo sai por 15 reais.
"Sangra a moral dos filhos e netos que vão
Amesquinhados sem nem mesmo decidir
Se os devires que trazem vão resistir
Ao sangramento da terra que vão cobrir"
Continuando a série de vídeos sobre o cinema brasileiro neste século XXI, converso com o cineasta Bruno Safadi sobre seu primeiro longa-metragem MEU NOME É DINDI, de 2007, primeiro vencedor do prêmio do júri da Mostra Aurora, em Tiradentes-2008.
POLÊMICA! 🚨 Paulo Coelho posta foto de seu livro pirata sendo vendido nas ruas e escreve:
"Alguns chamam isso de 'pirataria'. Chamo isso de medalha para qualquer escritor que entende que não há recompensa melhor do que ser lido"
O que você acha?
@guilefreitas
Vou problematizar: acho que tinha que pôr só apelido, tipo time de futebol brasileiro dos anos 50, 60. "Direção e roteiro: Glaubinho; Foto: Maroca; Som: Gnomo; montagem: Lelê; mixagem: Feioso"
Desde ontem à noite, eu ouço a voz do Lula eu choro. Leio a palavra "companheiro", eu choro. Marisa Letícia, choro. Dilma, Janja, golpe, história, democracia, país: choro, choro, choro, choro. Nunca me senti tão brasileiro como hj.
@LulaOficial
#LulaPresidente2022
A série CINEMA BRASILEIRO NO SÉCULO XXI busca traçar um panorama do cinema produzido no Brasil dos anos 2000 até hoje. Teremos entrevistas com cineastas, críticos e pesquisadores para mapear e dialogar sobre a produção brasileira contemporânea.
VIDEO NOVO NO CANAL: "O LIVRO" para ir além nos estudos de cinema.
Sempre me perguntam qual livro eu indicaria pra começar a estudar cinema mais a fundo. Então, nesse vídeo, indico "O LIVRO" para começar a estudar cinema mais a fundo.
Confere aí:
@DoPrado
Acho ele bom pra levantar a discussão de "qual é o tal impacto do torrent no filme brasileiro?". Pq a real é q ninguém sabe. Nem o KMF, q protege bem os filmes dele, nem a Globo, nem a Maeve, nem eu, nem vc
tive uma experiência muito parecida com a de ver Barbie, aquela coisa meio "filme de Schrodinger": é crítica ao sistema e não é; é farsesco e não é; é cínico e não é. Fica ao gosto do freguês.
My ★★ review of Leave the World Behind on Letterboxd
depois muita gente pergunta por que a crítica está em crise no Brasil. as razões são várias. uma delas - e bem importante - é o que os veículos consideram ser "crítico de cinema" e suas prioridades